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RADIOTERAPIA INTERNA - BRAQUITERAPIA

A Braquiterapia é utilizada para tratar tumores de pequenas dimensões e permite que uma maior dose de radiação seja usada para o tratar e que baixas doses de radiação atinjam os tecidos normais próximos a ele.

Em 1901, Henri Becquerel queimou-se acidentalmente enquanto trabalhava e Pierre Curie, marido e companheiro de pesquisas de Marie Curie, resolveu espalhar rádio impuro no braço daquele durante 10 horas. Na pele, desenvolveram-se crostas e uma úlcera. A pele demorou 52 dias para se reconstituir, deixando uma cicatriz. Em seguida, Curie emprestou a um médico amigo, Dr. Danlos, uma pequena quantidade de rádio, que foi usada para preparar aplicadores de superfície no tratamento de lesões de pele. Este foi o início clínico da braquiterapia.
Em 1903, Alexadre Graham Bell escreveu: “Não há razão pela qual uma pequena quantidade de rádio, selada num tubo de vidro fino, não possa ser inserida no interior de um tumor maligno agindo assim directamente sobre a lesão. Não valeria a pena fazer experiências ao longo dessa linha de pensamento?”
Os braquiterapeutas pioneiros limitavam-se a inserir grandes tubos de rádio, dentro do tumor, por um certo período, e retirá-los posteriormente, o que teve muito sucesso no tratamento de células tumorais.
Inicialmente, os problemas com a exposição à radiação intimidaram muitos radioterapeutas da época. Durante as décadas de 1960 e 1970, houve uma grande diminuição da popularidade da braquiterapia. Isso aconteceu por causa da falta de oportunidades no treinamento em braquiterapia, do advento da teleterapia com o cobalto 60 e com os aceleradores lineares médicos e, ainda, por causa da idéia errônea de que a teleterapia poderia curar tudo. A braquiterapia chegou a ser considerada obsoleta pelos radioterapeutas.
Nos anos 80, surgiu um renovado interesse em todas as formas de braquiterapia, isolada ou associada com outras modalidades terapêuticas. Surgiram novos radioisótopos (alguns de baixa energia) e uma dosimetria refinada, com uma melhor distribuição de dose. Começou a se fazer uso também de computadores, da tomografia computadorizada e da ressonância magnética, melhorando a exatidão da braquiterapia com uma melhor delimitação dos tecidos normais e neoplásicos.


A fonte de radiação utilizada é um implante ( Fig. 1), implante este que por sua vez vai ser colocado dentro do tumor ou muito próximo do mesmo. O implante é pequeno, entre milimetros e centrimetros de comprimento, pode ter a forma de fios, tubos de plásticos chamados cateteres, cápsulas ou sementes e pode ser permanente ou temporário. Estes implantes podem ser administrados de duas maneiras: intersticialmente e de forma intracavitária ou intraluminal.
60Co, 137Cs, 198Au, 192Ir, entre outras fontes de radiação, são utilizadas, dependendo de suas propriedades e de sua adequação ao tratamento preterido.
Quando estas fontes se dividem emitem partículas alfa, beta e gama.
Os raios alfa são os mais fracos e podem ser bloqueados por papel. Os raios beta atravessam o papel, mas não uma folha de alumínio. Os raios gama passam pelos dois, mas não atravessam um bloco de chumbo.







Fig.1 - Exemplo de implantes utilizados na Braquiterapia








Na braquiterapia intersticial, os implantes são inseridos no tecido do tumor ou num local próximo dele através de uma injecção que os contém no seu interior e através de cirúrgia, pois alguns implantes são cirúrgicos. É geralmente utilizada para o tratamento de tumores da cabeça, do pescoço, da próstata, do cérvix, dos ovários, da mama e das regiões perianal e pélvica.

Na braquiterapia intracavitária ou intraluminal, é inserida no organismo através de um aplicador e é, geralmente, usada no tratamento de tumores ginecológicos (Fig. 2).
Dependendo do local do corpo em questão, é possível realizar o tratamento sem necessidade de anestesia como é o caso, por exemplo, de tumores superficiais de pele.










Fig. 2 - Braquiterapia para tratamento de câncer do útero. Fontes radioativas são introduzidas no útero com aplicadores especias que variam de 2 a 8 cm de comprimento e podem acondicionar várias fontes









Quando se utiliza este tipo de radioterapia, o doente poderá ter de permanecer uns dias no hospital devido à radioactividade dos implantes, mas isto não quer dizer que o doente se torne radioactivo pois esta é uma das maaiores preocupações dos doentes. Eles não precisam de deixar de estar com outras pessoas, desde que os implantes sejam devidamente selados.






Este tipo de tratamento pode ter efeitos colaterais que variam de pessoa para pessoa, dependendo fundamentalmente da área tratada e das doses te radiação empregues nessa área. Têm duração varìável, na maioria das vezes desaparecem após algumas semana, mas podem perdurar por alguns meses, quando se trata de implantes permanentes. Como os implantes estão muito próximos das mucosas, pode haver inflamção das mesmas assim como das superfícies cutâneas.

RADIOTERAPIA EXTERNA - TELETERAPIA

A Teleterapia utiliza os raios x , os raios gama e feixes de electrões e neutrões. Estes raios utilizam ambos radiações ionizantes electromagnéticas, produzidos de maneira diferente, no entanto, ambos usam fotões e radiações corpusculares. Neste tipo de tratamento, o técnico realiza exames por imagem para saber a posição que o paciente irá adoptar durante as sessões de tratamento e delimita a zona de tratamento com uma tinta que não deverá ser apagada, pois irá servir para, que nas próximas sessões, os técnicos terem a certeza que realizam o tratamento na mesma zona que das outras sessões.



Os raios x são produzidos pela desaceleração rápida de partículas carregadas a alta velocidade. Esta desaceleração é feita através da projecção de feixe de electrões de energia elevada contra, por exemplo, um alvo de cobre. Ao colidirem, os núcleos presentes nos átomos de Cu (Cobre) produzem deflexões no feixe de electrões (mudam de trajectória) que, por sua vez, radiam fotões de raios x. Se durante as colisões os átomos do alvo ficarem ionizados, por remoção dos electrões mais interiores ao núcleo, o átomo emitirá raios x quando retomar ao seu estado fundamental (se quiserem obter mais informações sobre a produção destes, leiam o separador do nosso blog designado, efectivamente, por produção de raios x);
e os raios gama pela energia radioactiva libertada por isótopos de certos elementos, como irídio, Césio137 e Cobalto60, quando se dividem, com uma velocidade específica e libertam uma quantidade diferente de energia, que depende da profundidade que consegue atingir dentro do corpo humano. Os raios x e gama propagam-se á velocidade da luz (300000 Km/s), no entanto, os raios gama têm menor comprimento de onda, logo, são mais prejudiciais e não possuem carga. Estes conseguem atravessar completamente o corpo humano, causando danos irreversíveis, como alteração na estrutura do DNA.



Os aceleradores lineares de partículas (Fig. 1, Fig. 2 e Fig. 3) são “túneis” circulares que servem para acelerar partículas até atingirem velocidades muito elevadas, que além de produzirem e emitirem raios x, emitem também feixes de electrões de várias energias. deve-se salientar que estes não possuem no seu interior material radioactico pois este só é produzido quando os electrões colidem com o alvo. Para isto, as partículas devem manter-se dentro do mesmo até colidirem umas com as outras e atingirem uma certa velocidade. Quando atingida a velocidade pretendida, usam-se campos magnéticos e eléctricos muito intensos, nomeadamente, para obrigar as partículas a descreverem trajectórias circulares e para as acelerar, aumentando o raio da trajectória. Devido á versatilidade destes aparelhos, permite a realização de múltiplos tratamentos, utilizando apenas um aparelho/equipamento e é um dos mais sofisticados equipamentos no tratamento de vários tumores, como pélvicos, torácicos, cerebrais e no pescoço, sem comprometer os tecidos vizinhos que se encontram em estado normal. Existem vários tipos de aceleradores lineares, entre os quais, o ciclotrão (Fig. 4), usado para acelerar protões e deuterões (núcleos de hidrogénio pesado) e produzir feixes de neutrões de alta energia que libertam a maior parte da sua energia quando chocam com o alvo e como não têm carga não causam ionização ao longo do seu percurso, ao contrário dos raios-x, que vão libertando a sua energia ao longo do seu percurso e ionizando o meio por onde passam. O ciclotrão é constituído por duas câmaras semicilíndricas, em forma de D, onde se faz o vácuo, colocados perpendicularmente a um campo magnético uniforme criado por um poderoso electroíman e entre os dois objectos de cobre estabelece-se uma diferença de potencial alternada. Estes, além de produzirem raios-x, podem ainda produzir radiação corpuscular, também designada por radiação particulada, como electrões (produzidos por tubos de raios x), neutrões (produzidos por elementos radioactivos e por um equipamento especial), iões pesados (tais como protões e hélio) e pi-menos negativo (pequenas partículas carregadas negativamente). Como algumas radiações corpusculares não conseguem atingir grandes profundidades nos tecidos, são utilizados muitas vezes para tratar cancros localizados na superfície ou imediatamente abaixo da pele. Os protões da radiação corpuscular depositam a sua energia numa área muito pequena, chamada pico de Bragg, sendo este usado para dirigir doses elevadas de radiação corpuscular com protões até ao tumor, provocando menos danos nos tecidos normais. Esta terapia está disponível em apenas algumas novas instalações nos Estados Unidos da América e o seu uso está reservado a cancros de difícil acesso e cirurgicamente perigosos de tratar. Falando ainda da radiação corpuscular com protões, está esta a ser utilizada em ensaios clínicos para o tratamento de alguns cancros como no olho, tecido muscular, cérebro, pescoço, pulmão e próstata.










Fig. 1 - Equipamento de Teleterapia: Acelerador Linear (Exemplo de um tratamento com electrões)















Fig . 2 - Esquema de um acelerador linear:


1-Fonte de electrões; 2-Alvo; 3-Feixe de electrões ou fotões, 4-Mesa de tratamento.














Fig. 3 - Acelerador linear de partículas
















Fig . 4 - Esquema de um ciclotrão
















O primeiro acelerador de partículas (ciclotrão) desenvolvido por Ernest O. Lawrence, em 1929









O cícloton de Lawrence usava ímãs em forma de D (chamado de Dee) separados por um pequeno espaço vazio. Os ímãs produziam um campo magnético circular. Uma voltagem oscilante criava um campo elétrico através do espaço vazio para acelerar as partículas (íons) a cada volta. Como as partículas se moviam rapidamente, os raios de seus caminhos circulares se tornavam maiores até que atingissem o alvo no círculo mais externo. O cícloton de Lawrence era eficaz, mas não podia alcançar as energias dos aceleradores circulares modernos.

Os aceleradores circulares modernos colocam clístrons e eletroímãs ao redor de um tubo circular de cobre para acelerar as partículas. Muitos aceleradores circulares também têm um acelerador linear curto para acelerar inicialmente as partículas antes de entrarem no anel. Um exemplo de um acelerador circular moderno é o Laboratório Nacional do Acelerador Fermi (em inglês - Fermilab) em Illinois, que ocupa quase 25,6 km² (Fig. 6)













Fig. 6 - Vista aérea










Os aparelhos que emitem os raios gama (Fig.4) têm uma aparência semelhante aos aceleradores de partículas. Uma pastilha de material radioactivo, de césio, ou cobalto, ou iridio, é colocada numa cápsula de aço inoxidável, revestida de chumbo e urânio para evitar a emissão de radiação em todas as direcções, e de forma cilíndrica, com aproximadamente 2cm de diâmetro. Esta cápsula encontra-se dentro do aparelho e, quando esta se abre, emite radiação que irá ao encontro do seu alvo, ou seja, do tumor. Por conter material radioactivo este tipo de equipamento requer cuidados especiais para evitar acidentes.

Fontes de cobalto-60 libertam fotões sob forma de raios γ
com energias de 1,17 MeV e 1,33 MeV. Como a fonte é radioativa, a
emissão de fotões é contínua, ou seja, a fonte não para de emitir fotões.
Quando a máquina está desligada, a fonte permanece guardada numa
blindagem adequada que bloqueia a saída dos raios γ.
Alguns serviços mais antigos, ainda usam fontes de césio-137, o que
não é mais recomendado devido á baixa penetração de seu feixe.
Como conseqüência do decaimento radioativo, as fontes de alta atividade
(centenas de Giga Bekuerel - GBq) dos aparelhos de cobalto-60 diminuem
de intensidade na taxa de 1,1% ao mês. Depois de 5,27 anos,
que é o valor de uma meia-vida, a exposição do paciente ao feixe
demora o dobro do tempo em relação ao inicial para que seja atingida
a mesma dose. Isto acarreta uma chance maior do paciente mover-se,
principalmente quando sente dores intensas, fazendo com que o tumor
fique fora do campo de irradiação e não seja adequadamente tratado e
também que partes sadias entrem no campo e sejam lesadas.
Desse modo, uma fonte de cobalto-60 de teleterapia deve ser trocada
pelo menos a cada 8 anos.

Esta técnica da radioterapia é mais usada no tratamento de cancro da mama.









Fig . 5 - Aparelho emissor de radiação gama








HIT – Heidelberg Ion-Beam Therapy Center

HIT significa Centro de Terapia com Raios Iónicos de Heidelberg (Alemanha). O centro de Terapia com Raios Iónicos de Heidelberg é um dispositivo gigantesco de alta tecnologia que esta praticamente debaixo do solo e que o seu tamanho é cerca de metade de um campo de futebol. O desenvolvimento da HIT e um projecto comum a quatro instituições alemãs que colaboram desde 1993. Os seus trabalhos preparatórios forneceram a base para o desenvolvimento da HIT.

A HIT começará as suas operações no inverno de 2008, com a primeira instalação do tipo na Europa, com o propósito de ajudar os pacientes que sofrem de tumores malignos, que normalmente são incuráveis de outras maneiras. Cada ano, aproximadamente 1300 pacientes tirará proveito da HIT.

As radiações iónicas consistem em partículas muito pequenas de iões pesados, como os núcleos dos átomos de carbono ou dos seus protões ou como os núcleos dos átomos hidrogénio. São substancialmente diferentes da terapia convencional (Raios X ou Raios Gama) porque são eficazes na profundidade dos tecidos. Além disso, devido às técnicas modernas os raios podem alvejar o tumor precisamente. Consequentemente, os pacientes que sofrem de tumores profundos (tumores na cabeça, no tronco e escondido na cavidade abdominal) têm maior proveito da radiação iónica pesada.


Os dispositivos de radiação com iões ou protões pesados já existem na Europa e em outras partes do mundo. Entretanto, a HIT tem características especiais que tornam a sua posição excepcional no mundo:
A HIT é a primeira a combinar os dispositivos de protões e iões pesados na Europa, e que é utilizado por um hospital e usado para tratar pacientes assim como para estudos clínicos;
É o único dispositivo que usa a terapia de intensidade modificada com radiação e fornece consequentemente uma precisão inigualável tridimensional da radiação do tumor;
A sua rotatividade do ião pesado é única;
O ambiente clínico e científico fornecido por três instituições que trabalham com a HIT, centra-se insuperavelmente na pesquisa de cancro e dos seus tratamento.


A radiação iónica não usa fotões (como os raios-X e os raios Gama), mas iões carregados positivamente, ou seja, núcleos atómicos que perderam os seus electrões. As principais partículas usadas são núcleos atómicos do hidrogénio e os núcleos atómicos do carbono, que são partículas muito pesados e consequentemente são chamados de iões pesados. Os núcleos atómicos são acelerados em enormes aparelhos até aproximadamente três quartos da velocidade da luz e, de seguida, disparados no tumor. A profundidade da penetração pode ser realçada acelerando os iões. As radiações iónicas batem nos seus alvos com muita precisão e transferem uma dosagem exacta de energia ao tumor.
As radiações iónicas foram sempre candidatas interessantes para a radioterapia, pois têm características físicas especiais: quando batem no corpo, viajam muito rapidamente nas camadas exteriores e perdem rapidamente toda a energia antes que cheguem à profundidade e eventualmente comecem furando e transferindo a sua energia prejudicial aos tecidos vizinhos.
As radiações iónicas são específicas para tratar os tumores encontrados em profundidade no corpo.



-Que pacientes beneficiam maioritariamente da HIT?

“Aproximadamente 5 a dez por cento de todos os pacientes que sofrem de cancro tirarão proveito da radiação iónica” diz o professor Dr. Jürgen Debus, director médico de uma Universidade Alemã e da HIT. “ Estes pacientes sofrem de tumores situados em profundidade no corpo e são consequentemente pouco atingidos com o tratamento de radiação convencional ”.
O tratamento com radiações iónicas é especialmente benéfico para as crianças que sofrem de tumores malignos, porque evita os efeitos secundários a longo prazo. É possível tratar delicadamente e com um grande cuidado, e ao mesmo tempo impede o crescimento do cancro e da ocorrência de novos tumores.


- A radiação pesada do ião ou do protão são a cura total dos tumores sensíveis à radiação?

Os doutores e os cientistas em Heidelberg preparam a maior implementação da radiação iónica conduzindo os estudos clínicos que comparam os resultados de tratamento da HIT com a radioterapia convencional. Até agora, a eficácia da radioterapia do ião pesado é documentada unicamente para o um pequeno número de tumores. Estes são tumores ligeiros malignos no tecido da espinha e na cartilagem da base do esqueleto. Além disso, tumores raros nas glândulas salivares podem ser tratados com sucesso através das radiação com iões pesados. Provavelmente, os resultados dos tratamentos para outros tipos de tumores podem igualmente ser melhorados, por exemplo para determinados tipos de cancro pulmonar e de cancro da próstata.



O que acontece antes e durante o tratamento?

Antes do tratamento começar, as especificações e as dimensões do tumor estarão exactamente determinadas com as técnicas modernas de imagem como o Computador Tomográfico (CT) e como imagens por ressonância magnética (MRI). Os físicos da HIT ajustam a radiação iónica às coordenadas. A fim de assegurar a precisão máxima, o paciente é fixado num dispositivo descartável manufacturado em suspensão. Os pacientes com tumores no cérebro ou no crânio usam máscaras também descartáveis manufacturadas por fora de material plástico. Também existem outros acessórios para outras partes do corpo, como por exemplo para tumores na espinha tratáveis.

O paciente é fixado no seu dispositivo suspenso e colocado por assistentes técnicos com a ajuda de um braço robô que sai de uma mesa de alta tecnologia, que é usada pela primeira vez na HIT. Desse modo, a posição calculada do paciente é alcançada com uma precisão menor que um milímetro. Uma imagem raio X assegura que aquele paciente está posicionado correctamente e que a radiação iónica irá alvejar o tumor: Os doutores comparam as estruturas do osso dos retratos do raio X com as imagens precedentes do CT e do MRI.

Só depois disto é que a radiação é enviada para o paciente. O paciente não observa nada quando a radiação iónica incide no seu tumor com uma velocidade altíssima. A radiação incide entre um e cinco minutos. Durante a irradiação os sensores monitorizam vinte mil vezes por segundo e mostram se a radiação bate precisamente no alvo. A radiação terapêutica também faz um exame para ver se o tumor se espalhou.

O procedimento inteiro - colocar a máscara, posicionar o paciente e a radiação - demora aproximadamente 20 minutos. Com a radioterapia convencional, um tratamento não é suficiente para destruir o tumor e evitar o dano ao tecido vizinho. Consequentemente, o tratamento tem que ser repetido nos dias seguintes. Um ciclo médio do tratamento dura aproximadamente 15 dias. Diversas semanas após o ciclo do tratamento, com a ajuda das imagens do CT e do MRI os doutores verificam se o tumor encolheu ou desapareceu completamente.



Perguntas mais frequentes na HIT

Qual é o tamanho da HIT? É do tamanho de metade de um campo de futebol e contem três pisos. Dois pisos são subterrâneos e um está acima do nível da terra.

O que é que o edifício contem? Contem dois edifícios em um. O primeiro é um edifício de vidro longo com os escritórios para doutores, assistentes, enfermeiras, físicos, coordenadores e técnicos. Junto a ele está um bloqueador de cobre, a “divisão” do acelerador e três quartos de tratamento. As paredes, os tetos e as divisões são protegidos adicionalmente por dois blocos de cimento grosso. O edifício é ajustado num monte.

Quanto custou o projecto da “HIT”? A “HIT” custou aproximadamente 100 milhões de euros e foi financiada pelo governo alemão e pela Universidade de Heidelberg.

O que são protões? Os protões são núcleos de átomos carregados positivamente.

O que são iões pesados? Os iões pesados são núcleos atómicos mais pesados do que os núcleos do hidrogênio que perderam os seus electrões. A HIT usa uma variedade de iões que são mais pesados do que os protões do hélio, do carbono e do oxigênio. Os núcleos do carbono e do oxigênio são mais eficaz no tratamento do cancro do que protões e núcleos do hélio.

São os protões tão eficazes no tratamento do cancro quanto os iões pesados? Os iões pesados são três vezes mais eficazes em comparação com protões e iões do hélio. No tecido do corpo, os iões pesados podem ser dirigidos com precisões milimétricas e são consequentemente superiores aos protões no tratamento de determinados tumores.

Como são as partículas aceleradas? Um dispositivo muito grande e sofisticado é necessário. Primeiro, os iões são acelerados num tubo reto longo de 5 metros que é conduzido como um “carrossel”, e a isto chama-se ciclotrão. Lá, as partículas são aceleradas numa trajectória circular a aproximadamente três quartos da velocidade da luz.

A que profundidade penetram as partículas no tecido do corpo? A radiação pode penetrar 30 cm no corpo, profundidade esta que aumenta com velocidade.

Qual é a quantidade de energia necessária para fazer funcionar a HIT? Três megawatt, tanto quanto uma cidade pequena com tamanho para 10.000 habitantes.

Quantas pessoas estão a trabalhar no edifício da HIT? Mais de 70 doutores, enfermeiras, assistentes técnicos, físicos, coordenadores e técnicos. O acelerador é continuamente visionado. Os pacientes são tratados em uma operação de dois deslocamentos de segunda-feira a sábado.

Quantos quartos de tratamento estão disponíveis? Três. Dois para a radiação horizontal: a radiação incide através de um tubo de vácuo fora da parede, o paciente é colocado numa tabela móvel ajustada por um robô de alta tecnologia e por fim o tumor é atingido por uma radiação precisamente dirigida. O terceiro quarto de tratamento contem um pórtico original rotativo, único no mundo que permite o tratamento de radiação em todos os sentidos.

Como trabalha o pórtico? Este dispositivo gigantesco tem três níveis elevados e pesa 600 toneladas. Como o pórtico pode ser girado em torno do paciente, o tumor pode ser irradiado de todos os sentidos com exactidão elevada, a radiação afasta-se somente metade de um milímetro do alvo. O sistema de transporte da radiação é colocado numa estrutura complicada, similar a um telescópio de rádio. O quarto do pórtico tem que estar com a temperatura controlada a fim de evitar que as diferenças de temperatura deformem a construção.



Composição da HIT

(clique nas imagens para ver maior)















1. Fontes de iões
Os iões são átomos carregados positivamente. A fim de obter iões, os átomos devem perder as suas cargas negativas – os electrões. Para essa finalidade, o gás do dióxido de carbono paira na câmara do ião. Os electrões livres no gás são acelerados por campos magnéticos e por microondas. Ao viajar através da câmara do ião, os electrões atingem as moléculas do dióxido de carbono. Após esta colisão as moléculas separam-se e 4 dos 6 electrões que são parte de todo o átomo de carbono são separados. Os campos eléctricos extraem os iões do carbono para fora da câmara; os ímãs transportam-nos sobre um fluxo regular no vácuo.


2. Acelerador linear
Os cinco metros de tubos longos consistem em duas seções: A primeira parte converte o fluxo regular num fluxo de pulsação com os 217 milhões de micropulses por segundo. Neste procedimento a radiação é colimada e os iões são acelerados. Subsequentemente, na segunda peça do tubo, os campos electromagnéticos aceleram os iões até mais de 10 vezes por cento da velocidade da luz. A saída do acelerador é através de uma folha de carbono onde os átomos de carbono perdem seus últimos dois electrões, tais que somente as 6 cargas positivas permanecem no núcleo.


3. Ciclotrão
Os iões fundem-se num fluxo circular. Os ímãs enormes deflexionam a radiação em seis voltas de 60° cada uma, até que o círculo esteja terminado. Os iões são acelerados agora até 73% da velocidade da luz. Eles atravessam através do anel 3.4 milhões de vezes por segundo. Isto explica o termo de ciclotrão para esta parte da instalação.


4. Transporte da radiação de alta energia
Os tubos e os ímãs de vácuo conduzem a radiação. Pouco antes da entrada nos quartos de tratamento a radiação passa através de dois scanners. Estes scanners são os ímãs que podem deslocar a radiação horizontalmente e verticalmente. Com a sua ajuda a radiação iónica pode precisamente ser guiado pelo método de detecção.



5. Tratamento horizontal

A radiação iónico entra nestes quartos de tratamento através de uma janela. Para se conseguir uma irradiação precisa, o paciente é segurado na posição de encontro (onde a radiação vai incidir), sobre um sofá robótico de tratamento posicionado. Uma máscara plástica mantem a cabeça, corpo e extremidades numa posição definida. A irradiação toma até 5 minutos.


6. Raio-X Digital
Antes de irradiar, o médico verifica a posição correta do paciente por razões de segurança. Os ossos e outros órgãos anatómicos do corpo servem como marcas de posição. O robô do tecto transporta uma fonte de raio X e um robô do chão é um receptor. O instrumento pode incidir em camadas únicas como o computador tomográfico. As imagens são transferidas imediatamente ao monitor dentro da sala de comando.


7. "Gantry"
Esta construção gigante de três andares elevados pesa 600 toneladas. A construção elaborada permite o posicionamento exacto da radiação iónica num melhor ângulo ao paciente. Penetra até 30 cm no tecido humano e tem um máximo desvio de 0.5 milímetros do alvo. Os tubos de vácuo que guiam a radiação são unidos a um conjunto de haste que também é usado na tecnologia dos satélites.


8. Radiação Iónica e Raio-X
Aqui a radiação sai do tubo. Dois detectores de raio X são instalados na direita e na esquerda. A fonte do raio X é situada na parte inferior do “gantry e pode ser girada com o instrumento. Desta maneira, os doutores podem verificar a posição do paciente uma vez mais antes de começar o tratamento.

RADIOTERAPIA

A radioterapia é um método de tratamento que consiste na destruição de células tumorais, essencialmente na fase de multiplicação celular, utilizando radiações ionizantes electromagnéticas (raios x e raios gama) e radiações corpusculares (partículas alfa e beta e electrões), que são de elevada frequência, ou seja, as mais energéticas.

As radiações podem interagir directamente nas cadeias de ADN ( ácido desoxirribonucléico) das células, lesando-as directamente, ou então, podem interagir com a água e criar o radical hidroxila que pode danificar indirectamente as cadeias de ADN.

O tratamento radioterápico tem várias finalidades, como: destruir definitivamente as células tumorais; controlar o tumor, evitando o seu crescimento e reduzir sintomas como dor intensa, sangramento e compressão de órgãos.

As radiações dizem-se ionizantes pois quando interagem com o meio afectado causam a ionização dos átomos dos materiais que atravessam, ou seja, formam iões a partir desses átomos. Estas são aplicadas na zona envolvente do tumor, mas antes de iniciar o tratamento é preciso calcular a dose necessária para acabar com as células tumorais do doente pois, a dose de radiação está directamente relacionada com o tamanho do tumor e se a dose não for a certa, pode causar danos graves ás células vizinhas, as que se encontram em estado normal e, se tal acontecer, estas não poderão fazer a regeneração da área irradiada.

Para se proteger as células normais e atingir maior quantidade de células tumorais, a dose total de radiação administrada é habitualmente dividida em doses diárias iguais (quando se usa terapia externa), deve-se marcar previamente a área de tratamento e é necessário planear a posição que o paciente irá adoptar durante a realização dos tratamentos diários através de exames de imagem como a ressonância magnética (RM), tomografia computorizada (TAC), Tomografia por emissão de positrões (PET) radiografias e ultra-sons (Ecografia). (Estes exames por imagem também são realizados para se saber se o doente tem ou não células tumorais num determinado local). Para se delimitar a zona do tratamento no corpo do doente é utilizada uma tinta que não deve ser apagada depois de cada sessão pois vai servir para os técnicos, nas próximas sessões do tratamento, terem a certeza que estão a tratar a mesma área.

A radioterapia pode ser utilizada isoladamente ou em conjunto com outras técnicas de tratamento, como a cirurgia ou a quimioterapia.

Durante o tratamento o doente não sente dor pois a radiação não é sentida nem ouvida e estará sempre em contacto com o técnico através de um altifalante e estará sempre a ser seguido através de um televisor.

A radiocirurgia é um procedimento minimamente invasivo, bem tolerado, que não apresenta algumas das complicações que podem ocorrer com o tratamento cirúrgico convencional, tais como hemorragias e infecções. Não se necessita anestesia geral ou recuperação pós-operatória em centro de tratamento intensivo e o período de internação é significativamente mais curto.

A radioterapia pode ser considerada de dois modos: radioterapia externa, Teleterapia e radioterapia interna, Braquiterapia.

Quando se está a ser tratado por Radioterapia podem ocorrer vários efeitos secundários, no entanto, estes são bem tolerados desde que respeitadas as quantidades certas das doses totais necessárias para o tratamento, as regras da aplicação das doses e cumprir o plano de radioprotecção. No entanto estes também estão relacionados com a forma que organismo de cada doente responde ao tratamento e com o tipo de radiação , sendo assim, alguns doentes podem apresentar efeitos secundários mais severos enquanto outros podem nem apresentar nenhuns.

Pode ocorrer:
- a zona que está a ser tratada pode ficar vermelha, seca e sensível (a pele, com o tempo, irá voltar á sua cor normal, no entanto, poderá haver uma alteração duradoura na cor da pele);
- queimaduras na pele da zona tratada;
- perda do cabelo e/ou dos pêlos da zona tratada;
- Feridas na boca;
- boca seca;
- diarreia;
- dor ao urinar;
- cansaço, particularmente, nas últimas semanas do tratamento.
A gravidez deve ser evitada, pois a radiação causa riscos na formação do bebé.