O PROGRESSO DA RADIOLOGIA

O desenvolvimento de novos equipamentos veio a permitir exposições cada vez mais curtas, tanto através da melhoria dos aparelhos de Raios X, como pela evolução do registo radiográfico. O progresso das emulsões das películas e a utilização de ecrãs de reforço culminaram, quase um século depois, com o aparecimento da Laser e da Digitalização da Imagem.
O progresso dos contrastes foi determinante para a individualização das estruturas anatómicas e para a criação de uma semiologia radiológica. Primeiro, aconteceu a introdução directa numa estrutura oca. Depois, alcançou-se a utilização de um ciclo fisiológico. Assim se visualizaram estruturas mais inacessíveis, como as vias biliares e as vias urinárias.
A individualização de estruturas pelos contrastes não contornou, porém, o problema das sobreposições anatómicas na projecção radiográfica. Por isso, pensou-se longamente como se havia de "cortar" um corpo, apagando o que estava à frente e atrás da estrutura que se queria estudar. Deste modo, nasceu a Tomografia Linear. Depois, veio a Tomografia de Movimentos Complexos tentando-se a individualização máxima das pequenas estruturas.A análise das estruturas anatómicas veio a socorrer-se, mais tarde, de outros tipos de radiação. O emprego dos ultrasons teve, porém, um período de gestação bem mais longo do que os Raios X. Hoje, também, a Ecografia, como a Ressonância Magnética não podem ser dissociadas na bateria de meios de diagnóstico pela imagem.
O pormenor dos fenómenos fisiológicos e fisiopatológicos só alcançou concretização, em muitos casos, com o contributo do Radiocinema e da Cineanálise. Um emprego clínico alcançado quase meio século depois das demonstrações simultâneas dos raios X e do Cinema. A colheita da Imagem Radiológica tem preceitos rigorosos, dela dependendo o êxito do exame. Para cada estrutura há um conjunto de incidências estabelecidas. Em muitos órgãos o posicionamento do doente deverá ser conduzido através do controlo de Intensificador de Imagem.


O caminho para individualização das estruturas, e das suas alterações, veio conhecer sucessivas possibilidades com a Ecografia, a Tomografia Computorizada e a Ressonância Magnética.
Voltando mais atrás no tempo, recorde-se que, logo que os equipamentos permitiram o registo útil de uma patologia, verificou-se haver discrepância entre os sinais clínicos e a imagem dada pela radiografia. A explicação foi encontrada no princípio físico e químico das modificações de uma estrutura anatómica em relação à afecção que a atinge. Este facto levou ao desenvolvimento de uma estreita, e imprescindível, relação entre a Anatomia Patológica e a Radiologia. A semiologia radiológica veio a criar, não só parâmetros de alterações das estruturas anatómicas, como o timing correspondente às modificações físico-químicas condicionantes dos coeficientes de absorção.

A Radiologia foi, durante largo espaço do seu percurso, uma especialidade dirigida para o diagnóstico pela imagem. O sector terapêutico quase se limitava à aplicação das radiações em algumas afecções, nomeadamente malignas. O melhoramento da imagem e dos equipamentos, permitiram conduzir prácticas terapêuticas conjugadas com técnicas inicialmente apenas de diagnóstico, como foi o caso da Angiografia. Cada vez mais se descrevem técnicas de Intervenção, numa viragem radical nos conceitos clássicos da Radiologia.

Os progressos da Radiologia não contrariaram o preceito fundamental de relacionar a Clínica com os dados das imagens radiológicas. Dentro da Radiologia estabeleceu-se, por outro lado, uma correlação cada vez mais íntima entre as várias técnicas de imagem. Os próprios equipamentos desenvolveram-se criando sistemas de chamamento rápido dos diversos estudos feitos a um doente, e onde o confronto se mostra vantajoso para um melhor diagnóstico. A partir daqui, valoriza-se, cada vez mais, o arquivo imagiológico. A transmissão das imagens, dentro de um Hospital ou a grandes distâncias, é a prática que se desmultiplica. O cadastro imagiológico de cada um de nós, tem grande valor para eventuais diagnósticos futuros, e para a investigação clínica.

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